samedi 24 mai 2008

Bem de dia ou de noite








Bem de dia ou de noite

Bem de dia ou de noite,
pedia que me dissesses bem de nos,
e que o amor transbordasse no dobrar
dos lençois.
E que mais filhos viessem dessa dor
e com alguns risos, para bem da vida
que nos dava tanto.
E o homem que eras, acolheu nos braços
essa soledade de menino antigo.
Nessas noites ou meios dias
corriamos as persianas com o dia
a empurrar
o amor para a cama.
E esse bem recolhido e aconchegado,
alargado, dizia que milagroso era
pedir esse bem, que mais nao fosse.
Nao te espantes agora, filho de alguém
que là longe, no seu canto distante,
repete baixinho o teu nome,
o da infância, amando-te tal qual um menino.
Eu, de peito cerzido,
bordado a ponto cruz nas pontas,
desafio-te, escorregando,
invisivel quase, o meu corpo
tao bem cuidado para que ao pé de ti,
a paciência seja bem piedosa.
Migalha de pao na mao do crente,
amasso o po do leito, deito-me entre o bem
e o mal, sonho e nunca durmo.
Suspira um cao à porta do inferno,
jà me roeu o osso e continua a subir,
é um mal que veio por bem.
E muita dor e pouca luz,
invisivel mao aguda
mao lilases,
mao de passeante, cumpre a nossa jura
em jardins exaltados com promessas
e desejos alheios, prova tormentos
distâncias e fico eu bem, a descolar
beijos das paredes, juro.
E os beijos que te deixei,
segredos molhando-te os cilios
e neles a memoria de todas as amantes
o bem que todas alimentavam,
enchiam-te o corpo e azulavam-te
o céu da boca.

Que o bem deste pacto seja o rio
que nao para de te sorver a boca,
refrescar-te a nuca.
So bem te quero dizia o malmequer à lua,
e se pôs a crescer mais alto,
bem como o tornesol e bem-mais-amado
ficou perto da sua luz.

LM, Paris 25 de maio de 2008

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