samedi 8 octobre 2011

o poema do ultimo dia


( ... ) Os artistas lançam um desafio aqueles que possuem o mundo,
e os que possuem o mundo indispoem-me.
Surprendo-me de estar aqui convosco, entre o céu e a terra.
Nao existe no mundo um lugar que possa acolher a nossa torpeza.
Tropeçamos nela e caimos no mundo.
Na vida, na dança, sou um passaro que coxeia.
O meu braço é uma asa quebrada que vos acena lentamente.
Inclino-me, queria abraçar-vos deixando-vos livres.
So a palavra poética é libertadora.
Dentro de mim tudo se agita desafiando
a espessa neblina que humedece
e me apareda o peito.Serro os labios que se afinam, como se por uma outra boca,provasse os meus proprios beijos.Desconheço a ligaçao das linguas neste processo.Eu sou insolente, eu nao sou insolente.Prefiro dizer sim, mesmo se o nao me preocupa.Mordo a mao antes dos caes.A cada um de digerir o seu veneno.
Chamo-me lidia martinez e a dança é a minha terra natal.
Este é o ultimo poema do ultimo dia.
Olho o mar e digo :
- Os naufragos nao morrem, dormem.

lidia martinez, paris 2005.

dimanche 2 octobre 2011

inesita....


A minha Historia com a Inesita.



Esta salvaçao … ________________________________________________

Tenho de vos contar, acrescentando
que vou entrar na 19 tentativa...cénica de " salvar a Inez".

Este amor...é o amor, ao que eu a obrigo é sem nome...voltar e reviver o drama em gente.

L’éternel recommencement, uma nostalgia do frio
na pedra, a do po eterno e da interminàvel espera.

Mas ainda nao estou em pele total d'inez....
Serà esta mais uma tentativa abortada ?

A décima nona, agora :

Repito, este amor… é o amor.

Um eterno reviver da sua morte, numa condenaçao sem nome.

Em estàtua roedora, numa nostalgia do frio,
Inez hoje, desfaz-se na noite.

Ofrenda ùnica, no lugar do seu rosto, sugiro-lhe uma noite antiga…

INEZ

A minha Historia com a Inesita.



Esta salvaçao … ________________________________________________

Tenho de vos contar, acrescentando
que vou entrar na 19 tentativa...cénica de " salvar a Inez".

Este amor...é o amor, ao que eu a obrigo é sem nome...
voltar e reviver o drama em gente.

L’éternel recommencement, uma nostalgia do frio
na pedra, a do po eterno e da interminàvel espera.

Mas ainda nao estou em pele total d'inez....
Serà esta mais uma tentativa abortada ?

A décima nona, agora :

Repito, este amor… é o amor.

Um eterno reviver da sua morte, numa condenaçao sem nome.
..............................................................................................

mardi 13 septembre 2011

au sujet de la Reine Morte

Au sujet des costumes:

La robe-objet est une construction plastique

qui suit l’élaboration d’un spectacle.

Elle s’inscrit dans le temps et fait surgir

la forme pour y loger le corps.

Une façon de mesurer l’intérieur du silence

en creusant le tissu.

C’est aussi une trace brodée de l’attente,

une action humble et laborieuse,

qui trompe l’angoisse et la peur.

En les entourant de fils et de perles colorées,

je tente de les apprivoiser.

Pour la version dite 5+1 du spectacle sur la Reine Morte,

une robe plus légère

a été cousue, me dénudant davantage.

Le poids de ces robes-sculptures,

symbolisaient l’autorité lourde et écrasante

de l’interdit propre à l’état fasciste.

Un corps ficelé de l’intérieur,

caché derrière les préjugés moraux et religieux.

Il m’a fallu quatorze ans pour me libérer de cet interdit.

Et apprendre à danser, légère, en intégrant son poids dans mon corps.

Ensuite, je ne pourrais plus me laisser surprendre par sa matérialité changeante,

Sa corruption sordide.


lidia martinez- ( 1989-2006 )


Sur la Reine morte, Inez de Castro :


( … ) Sans succès et depuis 1984, Inez de Castro essaie d’échapper au drame de sa mort.

Elle marche sur ses propres traces, refaisant les gestes d’autrefois et retrouve les sensations subtiles d’une danse qui trompe la mort.

Inez revient, elle est seule et repose

la tête sur l’épaule de son amant, elle se souvient.

La Nourrice pétrit le pain ( corps d’Inez ),

qui se brise contre un destin imposé par

Le blanc récit de sa tombe.

L’évanouissement s’empare de la reine morte

et dans l’ourlet de sa robe se cachent

du sable rouge et des poignards sans maître.

Pedro l’habille de soie verte pour l’ultime parade

et déjà l’oiseau se meurt par la bouche.


LM. 2002


Extraits de presse :


« ( … ) Plein de projets en perspective pour cette artiste chorégraphe et plasticienne

qui au gré des créations, construit un univers symbolique et mythique ( … ) ».

Le Monde Interactif, Cristina Mariano.


« ( …) Lidia Martinez installe ses mythologies personnelles comme des réseaux de sens à décrypter, plutôt à ré-interpréter, dans la veine d’autres plasticiens tels Chrristian Boltanski, Mike Kelley, Richard Baquié par exemple ( … ) «.

La Marseillaise, Claude Lorin.


« ( …) Exposition monographique de cette artiste plasticienne, danseuse et chorégraphe à Miramas ( … ) »

Vogue Magazine.


« ( …) On connaissait ses solos trempés dans l’univers qui la caractérise.

En dansant multiples n’a jamais autant ému et transmis ( ... ) « .

Fédération de la Danse, Emerentienne Dubourg.


«( … ) Théâtre, danse, performance ?

Comment définir son travail ?

La frontière est son élément géographique, elle saute d’un art à l’autre avec aisance,

Cela dérange la critique et peut rendre difficile

la compréhension de son travail.

Elle est proche des artistes de » l’Art Povera « ,

par l’utilisation de matériaux conducteurs d’énergie.

L’emploi de fragments, de « déchets « soustraits à la vie,

servent à célébrer l’énigme de la vision, ils interrogent notre conception de la danse,

du théâtre, celle du créateur, de l’artiste ( … ) « .

« Le jardin de Lidia Martinez «

Isabel Vila Nova Journal des Lettres( lisbonne )

lundi 5 septembre 2011

Cartas de amor de Pedro e Inez





Cartas de amor de Pedro e Inez
Troisième lettre:

Sitôt le matin levé je regarde le fleuve.

Il porte la pourriture des feuilles

comme une parure un ornement.

Etincelant et brusque miroir

toujours à me parler de vous.

Dieu que je suis triste de votre tristesse

quand les jours se battent avec mes nuits !

Etrange guerre que je vis ici dans ce lieu de paix si sûre.

Elle gratte à ma porte comme une bête assoiffée de sang.

Ah, que suis lasse de cette immobilité

qui m’enracine à ma peine.

Je vous parle sans cesse mais l’écho court

moins vite que votre cheval,

sinon monseigneur, vous auriez pu écouter

enfin cette malheureuse qui vous pleure.

Ai Mondego, suis-le mon prince père heureux mais si absent,

quand finira-t-il de chasser

Insouciant du danger que j’encours d’être ainsi ,

corps offert aux chiens du Roi ?!!!

Inez, Paris, Juin 1997

dimanche 4 septembre 2011

ser Perséphone


abro este verso com um estalido.
provo-lhe a semente
e vou engolir o vacuo
esvaziando o mundo.
deixo-me ir pelo ralo
sem limpar à volta
o sedimento gira
e desaparece.
desfio o adesivo
abro a boca à ferida
sinto o cheiro azedo
que exala o sangue.
a cola pinta o rastro
dos pontos, o enigma
da cruz arrepela-me.
pernas para que te quero,
vou sair daqui depressa.
sou o grilo maior que a janela,
a espernear face a uma ingénua
crueldade.
o enigma da infância
desses dias perfurados,
como dedos nos gatilhos
a experimentarem os alvos
atirados ao ar.
Poule!
madrugadas em avanço,
sonhos apocalipticos,
mares levantados
com pontes estreitas,
e os meus pés a escorregarem
sobre no gelo das ondas.
vou cair agora mesmo
e tudo vai recomeçar,
paro com as dores
a pele alisa em estatua
sem po.
afasto a cortina no meio do frio,
desfeio, certa que vou renascer.
o rei absoluto provoca uma
alteraçao e acolhe-me
na concha.
Sou Vénus e arrebata-me
o coxo.
esperneio no fundo da terra
à espera de primaveras,
e a roma abre-se de novo.
posso florescer ao pé da minha
Deméter, usufruir da luz
escapo à chaga e ao fogo,
ao ferro ardente.
Sacudo e tranço os cabelos,
sabes?
Cubro a cabeça do cavalo,
amasso o pao e caio como o besouro,
de costas.
Recomeço entao o ciclo do nosso renascimento.

LM, 2 agosto, 08

lundi 13 juin 2011

A Barca dos Infernos



A Barca dos infernos

Um drama singular,
uma atroz dilaceração,
um grão de arroz fendido
obliquando a face mínuscula
e opaca do desperdício.

Sobrevivemos juntos,
como um só corpo,
neste quarto de agonizante.
Sacrificio natural de um ser
desviado do sol.

Cresce-nos dentro da alma,
ao de leve,
a pena descaindo da sua asa.

Inclinando a escrita rente à pele
fica escrito pela unha,
a rima juneira e festiva.

Ficamos amplamente desconhecidos,
de olhos esguios como gatos na noite.
Respiramos sem nos vermos,
ignorando o rumo lutuoso da barca.

lm

dimanche 5 juin 2011

de coraçao aberto



De coraçao aberto

Por vezes tudo se esclarece
o corpo ausenta-se,
de maos juntas sinto passar
a palavra redonda que revela
e aquece.

Amiude, engano-me.
Distraida, ausento-me lentamente.

Mordido na sua essência,
o coraçao aberto
desliza fora do meu peito.
Quebro-me.

Refugio amargo acolhe
o meu sangue.
Devolvo a ferida ao carrasco,
de coraçao aberto.

No altar, face ao icone
a imagem impressiona o tempo
que a consome.

O meu coraçao é o que nao sou eu,
fala pela minha boca,
contém desejos,
nao tem queixumes.

Mergulho a mao na noite,
encontro a vertigem que precede o sono.
Escorrego com a aprobaçao de todos.
Nao me pertenço.

Todos me rodeiam.
Tudo vai acontecer longe daqui.
Nao sei onde me levam e vou.

Todos os apelos sao falsos.
LM

dimanche 15 mai 2011

PAROLES




PAROLES
données
entassées
poudrées
cimentées

chorégraphiées
encastrées
naturalisées,
proposées
recueillies
guérisseuses
infinies
gourmandes
coupées
peintes
urbaines
slameuses
ou pas
étrangères à nous
néologissiènes
rares
cuites
épluchées
furibondes
calmes
grosses
palmées
circonstancielles
gonflées
saccadées
philosophes
reines
couronnées
orangées
vâches

fadistas
affamées
gercées
purpurines
grenadines
Paradjanoviennes
Pessoanas à cause de Pessoa
Tsvetaionavas
à cause de Marina
à cause de Marina et de la reine morte
Lusitaines à cause moi
Tarkovkiennes à cause du Sacrifice

un peu de miroir autour et je saute par dessus l’eau.
paroles, paroles, paroles
parce qu’ infinies...je les suis.

LM

dois no chao

dois no chão
dormes como o Rei do Absoluto,
meu esquilo,
cuspo nos dedos
para te roçar depois a fronte,
benzendo-te.

esfrio nesta espera,
afasto a cortina,
aqueço-me na tua lã.

disfarçado de morto
para que te deixe,
entristeces o meu coração.

lavro as horas com o meu silêncio,
ventura melodiosa
exalta-me os sentidos,
por instinto penso :
« carne de cão »
e abocanho-te firme.
afinal o cadáver estava desfeito,
era só um esmolar de cobertores tisnados
de amores desfeitos, esfomeando-me
com o teu cheiro.
na madrugada esperançosa,
rio em mim.
LM, 2008

( publicado em dezembro 08)

PURPURINE



Purpurine



Père du vent souffle sur ma peine,
coupe d’une lame froide la pourpre désolée
de mes lèvres.
Trace le geste de la fronde, garde le bras tendu
suis la cible, ouvre et creuse le faible lit de ma raison.
Deviens eau …oh, faibles courants remplissez
le cœur d’un autre homme, adversaire imparable
de ma mélancolie.
Zéphiro, souffle au loin, reste distant, distante.
Les draps se déchirent comme des pendus
Je garde ma bouche meurtrie, elle s’ouvre gercée,
Purpurine et béante, cicatrice de la tête,
je lâche ma langue dedans, grosse, envahissante
et les mots restent brouillés, collés au palais.
Sans choix, sans courage et en abîme tout entier,
je sors par le haut en m’arrachant aux chevilles .
Ma tête se dévisse de mon corps, en tours et retours
sur l’axe. Elle ne tombe guère, mais je souffre de ma
maladie première, l’effrayant passage vers la mère.
Je prends les bras du froid, je m’entoure d’eux.
Entre leurs morts, je deviens un naufragé, l’ami du vent.
Recoupée, ciselée ma peau en fines morsures,
dentelle alourdie telle une caillasse marbrée, je m’étale.
Les yeux percés, obstrués par deux pièces de monnaie,
prix d’un passage vers l’autre rive, moi et l’autre homme,
nous n’avons qu’une tête.
Chiens des enfers, mange ma main, mon destin, fais de nous un corps divin,
entre mille chiens et un seul loup.
(extrait)

lm, 2011

clemente

clemente, o simples

Clemente saiu de casa como um anjo menor,
sem lenço.
Cantava desafinado mas feliz.
Depois era com grande sede e alivio,
que bebia sôgrego,
o espirro de agua, da fonte do jardim.
Limpava os beiços com a manga e empoleirava-se
nas grelhas velhas do coreto.
Contava até trinta e deixava-se cair, exausto.
Esfregava as calças poidas destes usos e andanças.
Era tacanho e estagnado, diziam-no simples.
Todos aqueles que lhe estendiam a mao,
eram como familia.
Empoeirado, sacudia-se, ondulava as costas
como um bicho menor.
Dizia-se entao que isso era sinal de chuva.

Lm, dezembro 07.

lundi 14 mars 2011

nocturnod'ineses, projecto




lidia martinez coreografa e bailarina apresenta o projecto de dança e deambulaçao :

embalo o vestido e lanço os dados…
na tematica inesiana, esta a peça inscreve-se na sequência de especatculos e intervençoes
sobre o mito da Castro,
como uma lingua fora da Historia.

Abordamos este tema desde 1982, desdobramos os parâmetros
da relaçao amorosa através das Cartas de Amor, escritas e assinadas
na nossa contemporanidade.

Eterna espera esculpida nos tumulos arrendados, o orgulho do Rei
D. Pedro, a inocência de Inez, a personagem do Bobo, Martim, na peça de Antonio Patrico Pedro,
o cru, a Ama, la Nenna amassando o pao, corpo d’inez…sao pontos que nos desenvolvemos neste trabalho.

Improvisaçao e apresentaçao do caminho a percorrer, depois de uma breve incursao nos espaços.
Criar na urgência, uma ligaçao dos elementos cénicos com o espaço de apresentaçao.
Estudo de um percurso por questoes pràticas de técnica e de segurança do publico.

Participam neste projecto a bailarina coreografa isabelle dufau,
a vidéasta luminotécnica patricia godal, o paisagista dos sons emmanuele balzani
e a coreografa-bailarina lidia martinez.

A deambulaçao espectàculo tem a duraçao de uma hora.
Um video serà projectado numa instalaçao que expoe objectos
ficticios das personagens.,

Março, 2011
LM

nocturnod'ineses, projecto


nocturnod'ineses

No espelho do mundo, este amor.
Vou deixà-lo apontado para o sol.
A mao do punhal brilha,
a ponta do aço abre-lhe a carne.
Inez cai no chao, é a sua ultima dança.
Os olhos jà longiquos impressionam
a pàgina onde escrevo a Pedro:
- Tu nao sabes amor, porque te vais sempre
tao apressado e a névoa que cobre os meus olhos,
é um rio imenso onde a dor escorre e me afoga num soluço.

Lanço novelos ao mar, bato à porta de estranhos,
anseio pela a minha libertaçao, devolvo-lhe a loucura
que me risca a testa, cicatrizo vazios.
Fecho os olhos e guardo a beleza no avesso do linho suado.
O seio d'Inez molda-se na mao do Infante.
Ele disse para ela correr e escreveu na agua o mar que lhe ia na alma.
Pétalas de prata tilintam no quadrante da janela,
anunciam o fim do abraço.

Ele debruça-se para a fonte e bebe-a.

Se eu fosse esse rio, lava-lhes o destino das suas maos infantis.
Adiava a morte, engolia-lhes a paixao.

Nos tumulos separados, um coraçao comum espreguiça-se até nos,
como adormecido.

Os amantes eternos, pairam por cima das coisas, como um mar antigo.

LM, julho de 2009

samedi 12 mars 2011

APELO PARA A INEZ!



Os amantes eternos, pairam por cima das coisas,
como um mar antigo.

_________________________________________________inez volta para reviver o drama da sua morte,
em 2011 o nocturno d'ineses vai trazê-la numa serenidade perdida, lointaine.
Toma chà com amigas...
canta a Pedro um lamento em italiano...dança jà branca, com a màscara da sua morte,
conhecimento antigo,
a ama amassa o pao, inez pede perdao pelo pecado da sua paixao, ora.
O mito deixa-se levar para a esperança negada enquanto viva.
Afinal era so o teatro que a acolhia e embalsamava dores,
sacudia leis, e organiza um pequenino caos, que bom!
nocturno d'ineses espera para ser dado, representado...nao nos querem ajudar?
obrigada.
Contactar:
lidia martinez
lmartinezcie8@gmail.com

lundi 7 mars 2011

apparition


Ses cheveux étaient plus longs que des cordes,
mais pour la libérer de cette profonde incertitude,
un seul mot aurait suffi.

samedi 5 mars 2011

extraits de presse




Le poids de ces robes-sculptures,

Sur les Robes-Sculptures, surtout celles des spectacles sur la Reine Morte, extrait:
(...) Mes Robes-Sculptures, symbolisaient l’autorité lourde et écrasante

et de l’interdit propre à l’état fasciste.

Un corps ficelé de l’intérieur,

caché derrière les préjugés moraux et religieux.

Il m’a fallu quatorze ans pour me libérer de cet interdit.

Je devais apprendre à danser légère

en intégrant son poids dans mon corps.

Ensuite, je ne pourrais plus me laisser surprendre

par sa matérialité changeante,

Sa corruption sordide.

LM.

Sur la Reine morte, Inez de Castro :

( … ) Sans succès et depuis 1984,

Inez de Castro essaie d’échapper

au drame de sa mort.

Elle marche sur ses propres traces,

refaisant les gestes d’autrefois

et retrouve les sensations subtiles

d’une danse qui trompe la mort.

Inez revient, elle est seule et repose

la tête sur l’épaule de son amant, elle se souvient.

La Nourrice pétrit le pain ( corps d’Inez ),

qui se brise contre un destin imposé par

Le blanc récit de sa tombe.

L’évanouissement s’empare de la reine morte

et dans l’ourlet de sa robe se cachent

du sable rouge et des poignards sans maître.

Pedro l’habille de soie verte pour l’ultime parade

et déjà l’oiseau se meurt par la bouche.

LM. 2002

Extraits de presse :

« ( … ) Plein de projets en perspective

pour cette artiste chorégraphe et plasticienne

qui au gré des créations, construit un univers symbolique

et mythique ( … ) ».

Le Monde Interactif, Cristina Mariano.

« ( …) Lidia Martinez installe ses mythologies
personnelles comme des réseaux
de sens à décrypter, plutôt à ré-interpréter,
dans la veine d’autres plasticiens tels Chistian Boltanski,
Mike Kelley, Richard Baquié par exemple ( … ) «.

La Marseillaise, Claude Lorin.

« ( …) Exposition monographique de cette artiste plasticienne,
danseuse et chorégraphe à Miramas ( … ) »

Vogue Magazine.


« ( …) On connaissait ses solos trempés dans l’univers qui la caractérise.

En dansant multiples n’a jamais autant ému et transmis ( ... ) « .

Fédération de la Danse, Emerentienne Dubourg.b

«( … ) Théâtre, danse, performance ?

Comment définir son travail ?

La frontière est son élément géographique,

elle saute d’un art à l’autre avec aisance,

Cela dérange la critique et peut rendre difficile

la compréhension de son travail.

Elle est proche des artistes de » l’Art Povera « ,
par l’utilisation de matériaux conducteurs d’énergie.
L’emploi de fragments, de « déchets « soustraits à la vie,
servent à célébrer l’énigme de la vision,
ils interrogent notre conception de la danse,

du théâtre, celle du créateur, de l’artiste ( … ) « .

« Le jardin de Lidia Martinez «

Isabel Vila Nova Journal des Lettres( lisbonne )

vendredi 4 mars 2011

2 lettres d'amour de Pedro à Inez


Pedro à Inez :

Ah! Le vent, sentez, sentez ce vent qui vient
ce soir nous visiter.
Il nous glace le sang et mes pieds frappent
en cadence la pierre humide.
C’est un baiser de nuit qui nous surprend,
il glisse ses ailes froides sur ta main décharnée !
Aie, aie, tu te balances entre deux mondes,
ton voyage prend fin au bout de cette allée.
Entre les lys vibrent des insectes pris
au piège de la lumière.
Je suis celui qui a ouvert ta tombe,
le temps souffre de la nuit éternelle.
Après le chœur des moines, j’ai cru entendre la mer !
Oui, chaque chose regardait sa propre image,
tout devenait le miroir d’un autre et plus rien ne se fixait.
L’air sentait l’ambre et la résine, la mort aussi…
Adieu, dans ton monde, je te suis.
Mon cœur est désormais condamné au silence.
Ton Pedro,

Paris, 2005, 2011.


Lettre de Pedro à Inez


Dort, dort ma Reine, la quiétude du lieu te convient-elle ?
C’est moi ton Pedro, nous sommes seuls, je sens ton âme
éclairant la mienne.
Dans la mort, tu écoutes mon désespoir.
Parler, parler, laisse ton pauvre roi te parler ;
J’ai été ton loup, le bourreau qui n’a pas su t’épargner.
Dans mon royaume, tu es deux fois reine.
Tout a été bon, tout a été béni !
Ah! Coimbra était notre mère, à ton passage, tout a fleuri,
les champs, les berges, le peuple te saluait.
Le fleuve éclairé par les torches s’inclinait vers nos pas.
Te voilà enfin, si proche dans ton éternité de pierre !
Cet amour me fait peur, le sommeil me prend…
Inez, cette nuit nous sommes frères, deux oiseaux morts
partageant le même nid.

Mon amour, até ao fim do mundo.

Ton Pedro,

Paris 2005

Diary


D I A R Y

Le cri du loup arrive à la fin du film,
je le reprends pour l’amusement, le défi.
New York n’est plus qu’un sifflement aigu
qui s’efface sur l’écran.
Ensuite la pub gratte le son, les mots sont rapides,
ils se frottent, je n’écoute plus.
Cela arrive vers mon oreille droite, l’autre reste fermée.
Parfois, j’attrape le mot juste, comme ça, à la volée.
Il s’incruste sans me demander la permission,
je me laisse faire.
Glisser sur l’instant, pointer ma face de rat,
tout changer sans savoir si je vais pouvoir
finir ma phrase.
Je suis à la minute près et sur le tard, la même.
J’entends donc:
- « Pas de compassion pour le roi ! « .
Cette phrase n’a rien d’exceptionnel,
sinon qu’elle se détache de toutes celles
que j’ai pu accumuler dans ma mémoire.
Je joue d’ambiguïtés, en projetant
mes propres mots dans des lieux inconnus.
Ils me reviennent autrement enrobés
d’une aura de respect.
Une distance se crée et j’ai l’impression d’avoir
volé à autrui, un petit trésor convoité et libérateur.
Ainsi, le futur roi serait fou d’amour pour la bâtarde.
De suite, je me colle au personnage
du fils du roi du Portugal, au XIVsiècle, D. Afonso IV.
Celui qui a couronné reine, mais morte, Inez de Castro.
Moi, je prétends qu’il était trop soumis à la loi du père.
Il va malgré le danger qui guette son amante,
la garder auprès de lui.
Agissant plus en fougueux guerrier qu’en politique,
il sent monter une fièvre bonne pour l’éternité.
Alors, quoi donc ?
Pourquoi lui et pas moi ?
Je suis également prête à grignoter la pomme,
à transgresser, bravant tous les interdits liés à la mort.
Roulée dans une cape, une guirlande de Noël posée sur la tête,
je veux jouer aux passions interdites.
Mais revenons à Pedro, on pourrait dire du jeune roi
qu’il était cruel, mais il y aurait méprise.
Le mot juste est « Cru « , le justicier si l’on préfère.
Au bout de combien d’années la déterre-il ?
Six, je l’ai lu dans un roman espagnol.



Le peuple suit la procession macabre,
la cour craint la folie amoureuse et coupable
de Pedro, tous prêtent hommage à la morte.
Oui, c’est d’elle dont je vous parle.
J’insiste à créer autour du mythe de Castro,
une sorte de permanence liée
à l’amour absolu et néanmoins tragique,
non pas dans son historicité légendaire,
mais dans sa cruelle humanité.

L’amour de Pedro et Inez nous oblige à la pose.
Celle qui nous place entre deux tombeaux
dentelés au centre de l’attente.
Je crois que c’est justement là,
que le roi a imaginé le cœur du silence
et notre possible reddition.

LM

mardi 15 février 2011

narcisse...


La femme danse sur le bateau qui traverse le fleuve.
Elle regarde en bas et plonge.
Une algue se roule autour de son poignet
et l’oblige à descendre.
L’homme la voit disparaître.
Au fond de l’océan elle embrasse son double.
Narcisse s’ouvre comme la bouche d’un dieu malade.
Il laisse échapper un soupir et se noie aussitôt.
La porte se ferme avec fracas, un tremblement court
derrière une petite fille et la manque, et la manque.
La ville brûle tout entière ou presque.
Saint-Georges a tout vu et n’a rien pu.
La femme serre les mains de l’inconnu avec force.
En un clin d’œil le bien trompe le mal
et l’amour comme la poésie, dicte sa volonté.
Tout recommence neuf, léger, informe et accompagne
les âmes dans leur pénible traversée.
La soif est tarie là où la Nécessité les accueille,
et le cri des huit sirènes les rend folles mais de joie.
Méfiez-vous des sirènes !
Méfiez-vous des sirènes !

narcisse



Dans la cour un arbre a pris racine à même le ciment.
Dedans, les oiseaux ont construit des maisons.
Ils ne se trompent jamais les oiseaux si fragiles,
dans le pouvoir de traverser le monde par le haut.
Ici la tempête est venue agiter une mer
qui se lance contre un rocher lisse.
Une porte fermée de l’intérieur révèle
ses transparences liquides.
Narcisse tel un coquillage,
se décolle doucement de la vitre
et glisse à terre.
Une bulle de salive éclate au coin de sa lèvre,
sa bouche se tord dans un rictus disgracieux.
Il plie sa beauté dans un mouchoir et le sort
est enfin brisé.

A Familia, Gala de Dança Oeiras 2010


A Familia, Oeiras 2010



chorégraphie: lidia martinez
journée mondiale de la danse
oeiras, 2010

A Familia, Oeiras 2010


lundi 31 janvier 2011


...non, rien ne laissait prévoir l’allure courbée de mon dos après.
dépliée alors, je le portais. pas le vrai corps, celui de la chair
restait couché au bord de l’eau ou sur elle.
mais... je gardais l’odeur de tout enroulée dans une serviette
éponge cachée au fond du placard. Signe et signature de l’oubli.
mais... je gardais l’odeur de tout enroulée dans une serviette
éponge cachée au fond du placard.
LM

vendredi 21 janvier 2011

AGUSTINA


Dans la maison de Gustine, après les vêpres,
la lumière descend pour épouser les angles droits des armoires.
Elle boit la blancheur amidonnée des napperons et parsème d’ombres
les pieds des tables.
Un papillon fuyant sous le tapis, aidait le jour à s’éteindre.
Moi, j’attendais la nuit pour écrire.
C’est l’heure où la maison s’anime du bruit familier des casseroles et du souffle du feu.
Au milieu de la pièce, l’enfer se laissait dominer par deux mains, jetant dans la marmite,
des morceaux de viandes découpées, un chou ébouillanté à la cannelle, trois patates douces
biaisées par un couteau infernal, un gros navet bien violet, deux feuilles de laurier, du romarin,
et ainsi le bouillon du lendemain, ne sera que plus goûteux.
Je gardais les yeux mi-clos à cause de la fumée et soumise à une telle sagesse,
j’observais.
Soudain, un rire frappa très fort contre le mur de casseroles cuivrées,
qui se mirent à vibrer.
Ma chaise bascula en arrière et fit un bruit d’arbre sec en se brisant un pied.
Voici le prodige : Augustina venait d’entrer dans la cuisine, toute nue,
ayant pour seul artifice, un petit chapeau à plumetis, couleur betterave.
Sa bouche brillait, cela lui donnait une sorte de visage achevé
sur un corps étrangement blanc.
Des fines traces de ligatures marquaient ses poignets.
Ses petites mains d’enfant avaient été maintenues en prière,
attachées par sa mère pour la punir d’un trouble des sens, quand elle avait dix ans.
On l’avait surprise se touchant devant les belles casseroles astiquées.
L’innocente ne voulait qu’explorer son petit sexe rose,
mais personne n’a su éviter la brutalité qui a suivit l’affaire.

_ Vicieuse, lui cria sa mère et elle lui attacha ses poignets avec des bouts de draps usés.
Elle resta une journée comme ça, dos au mur, en retenant son urine,
car ce trou n’était autre que celui du diable à trois cornes.
D’ailleurs, elle sentait une d’elles lui piquer le fond du vagin.
Un sentiment de vengeance monta de ses entrailles suivi d’un soulagement.
Elle venait au bout de tant d’heures de souffrance, pissé enfin, inondant le sas
où elle fut enfermée.
L’odeur âcre de l’urine, la chaleur moite sur ses pieds l’on réconforté,
et puis elle s'est dit, que c’était peut-être le souffle du malin, que son trou vomissait.
De peur, elle s’évanouit, depuis lors, elle garda serré dans ses poings, un secret.

Jamais elle ne se dénuda, même quand a Pacques tout le village
sortait se laver plaies et péchés dans les termes.
Une expiation collective, communale et festive.
Seule une serviette autour de la taille, cachait leur intimité.
Les femmes poussaient leurs seins entrant victorieuses dans le bain,
le brouillard pendu au bout, comme un voile humide.
Augustina, les poings crispés, une ficelle rouge roulée autour de ses doigts,
traversait le bassin en psalmodiant une litanie, à l’articulation exacte.
Elle resta suspendue à la vie, au souvenir du rêve avant le reflet dans les cuivres.
On l’avait frappé ensuite, comme si sa peau était une sorte d’instrument de musique,
où l’on ferait sortir la fausse note à force de violence.
Non, elle n’était pas muette non plus, seulement arrêtée par des lacets fortement tenus,
serrés, une petite vie étouffée par l’ignorance.
Augustina déplaçait sans cesse, le centre de sa peine.
Eh bien, aujourd’hui elle était nue devant toute une assistance,
celle qui préparait le repas du soir, ses cheveux mystérieusement disparus ,
roulés à l’intérieur de ce bibi ridicule.
Un casque de gorgone aux reflets rougeâtres, les plumetis en sus.
Elle ouvra grands ses yeux et la bouche en cul de poule, elle se préparait
à vous réciter une parole ancienne.
- Eh bien, accouche! répliqua sa mère, en la pointant avec sa cuillère en bois
mordue à la tache - as-tu perdu ta langue, aussi bien que tes vêtements ?
L’autre garda ce rictus labial, qui s’agrandissait comme un gouffre immense,
d’où la mer sortirait de son écume, une rage soudaine.
Mais rien ne sorta.
J’ai tenté une approche, en lui tendant mon bouquet de pissenlits,
et en les secouant sous son nez, je disais :
- Quand tu auras passée ta belle robe mauve, on ira en chercher d’autres.
Cette année elles ont goût d’amande, n’est-ce pas ?
- Mais tu es folle, ma pauvre fille, me cria ma tante, elle n’ira pas cueillir des pissenlits,
avec le chapeau de la noce à Camille sur sa tête de linotte !
Augustina, monte passer ta blouse bleue, celle du soir, va,
tu pourras garder le chapeau si ça te chante, mais pour l’amour du ciel, ferme ton clapet,
tu as l’air d’une poule qui a perdu son chemin.
Augustina restait là, blanche comme le linge de maison et puis d’un seul bond, d’un seul,
elle se jeta entière sur la table.
Ma tante poussa un cri si puissant, que le chien s’est aplati sous l’évier, comme une éponge sale.
On regardait sa queue se ramasser lentement, quand mon oncle claqua la porte d’entrée.
Il se déchaussa et n’ayant pas fait trois pas à l’intérieur, il se retourna aussitôt,
glissant et dansant sur la pointe des pieds, les yeux clos, une poule fortement étranglée
contre sa cuisse :
-Qu’est-ce qui se passe ici, ce soir ?, cria t’il - que fait-elle, Augustina,
notre betterave, couchée tout du long, sur ma table.
- Ta table ? cria ma tante - ta table ?
A part poser ton plat et ton bol de soupe le soir,
le cul posé sur ton banc…
Et Augustina, nue et blanche, prête au sacrifice, au milieu des légumes, souriait.
Le petit chapeau avait tenu le choc, sa bouche continuait de briller, je la trouvais belle,
follement offerte aux yeux affligés de ma tante, qui engueulait mon oncle sous le porche.
Un silence étrange inonda la pièce.
Le chien glissa hors sa cachette et en rasant les murs, il se précipita au dehors.
Une ombre le croisa et profitant de ce chaos, elle vint nous glacer le sang.
Seule, ma cousine, nue comme un papillon de nuit, lumineuse, elle nous éclairait de sa peau lisse.
Elle enleva avec délicatesse son bibi, en détachant de l’étoffe, au préalable,
une longue épingle fine et perlée de nacre.
Ses cheveux éparpillés sur ses épaules, un navet par si, un chou par-là,
elle tenait au centre de cet étrange tableau, le rôle de la morte.
D’un geste sur, elle se planta l’épingle à chapeaux en plein cœur

et la nuit est rentrée par sa bouche, enfin close.
Ses mains tranquilles, lâchèrent une minuscule dent de lait sans faille,
ni racine.

LM,
Juillet 2009

aller dans les bois ( extrait )


aller dans les bois

un homme est assit sur un banc dans la pénombre.
derrière lui, quelqu’un debout.
silence.

le premier tourne une pomme de terre dans la main.

- la nuit est tombée, je ne vois plus clair .
- oui.
- mes yeux me trompent, je te connais ?
- non, je suis arrivé, il y a un mois, je logeais
au quartier des archives.
- ah… les archives de quoi ?
- des prisonniers, du courrier, les cartons de ….
- j’ai volé une patate…
- tu me fais confiance ?
- je suis déjà mort, non ?
- pour un mort…tu causes plutôt bien .
- je ne sens plus rien, à part une douleur diffuse
qui me mange les entrailles.
mon cœur bat si doucement…veux-tu le sentir
avec ta main ?
- laquelle ?
- la droite.
- je l’ai perdu dans le froid, gelée.
- ah, alors la gauche si tu veux bien.

l’homme allonge son bras gauche, touche le cœur de l’homme assit.

- tu as raison, on ne sent rien.
- pourtant .
je te confesse mon vol,
tu pourrais me dénoncer,
ici on n’a aucune distraction,
le mal est une bonne façon de s’occuper, d’avancer,
de trouver ses marques.


- tu me demandes de te dénoncer pour une patate ?
- les archives…ça devait être plus confortable, non ?
- oui, on ne mourrai pas si vite, à moins…
- d’aller en forêt, c’est le plus court chemin.
- on ne souffre plus.
- cette douleur au ventre, la faim peut-être.
- non, c’est plus profond que ça .
- il faudrait que je puisse manger davantage,
le corps n’est plus là, tout s’absente.
- pourquoi es-tu là ?
- je n’avais pas le nom convenu.
- montre-moi tes mains.
- non.
- allez, tu en a encore les deux…
- oui.
- as-tu peur que je te vole ta patate ?
- c’est cela.
- mais je ne le ferai pas
- la main gauche, c’est celle du démon,
tu peux l’utiliser contre moi.
- tu as le cerveau affaibli, le démon est ici chez-lui.
- je garde ma patate.
- tu peux, mais il va falloir que tu la coupes.
- en deux, tu veux dire ?
- par exemple.
- soit.
- tu partages ton bien ?
- c’est de l’or.
- la terre est si dure, ici je ne vois pas
ce qui pousserait.
- c’est du ciment.
- un long cercueil.
- avec une ville dedans.
- et nous ?
- je ne pense plus, j’essaie de regarder
sans ne rien fixer.

samedi 8 janvier 2011

le nid bleu

deux chiens

deux chiens se croisent.
Premier chien
-Que fais tu?
- Je traverssssssssssssssssssssse.
-Où vis-tu?
-J'habite là, où la nuit tombe.

Fin.

LM