mercredi 26 novembre 2008


LIDIA MARTINEZ VOUS INFORME

que le premier Festival de Danse

à la Girandole a lieu très bientôt !

A Pas le Corps commence

le 27 et se termine le 30 novembre.


Venez donc nombreux à la girandole pour voir mon solo… entre d’autres danses…et consultez le programme, il y a pleins de spectacles à voir !

Bises

LM

Herbe de Solitude, est un nouveau solo,
crée à partir d’un poème de antonio gamoneda,
je le danse le jeudi 27 novembre, à 19h30’,
et le 30 à 16H.

Théâtre la girandole-4, rue edouard vaillant-
Montreuil-93 100, Métro :croix de chavaux, ligne 9.
Réservation :O1 48 57 53 17


samedi 22 novembre 2008

AVITAL

AVITAL

« Avital, vai lavar a loiça ! », e ele ia.

Estancava junto à caixa de pedra e deixava correr a àgua .

« Avital, nao gastes tanta àgua », e ele fechava a torneira.

Baralhava a espuma e o sujo e queimava as maos grossas,

A V I T A Lamolecendo os nos.

Avital era assim, um homem do silêncio, com pés chatos

e de boca cosida.

Era cuidado e por isso o deixavam tratar dos mortos.

Nascimentos e velorios, Avital era chamado para dar a bençao

e tocar na fronte do defunto.Diziam que dava sorte fazê-lo .

Nao se sabia se era idiota ou se era de escolha ser mudo.

Também se dizia que era filho de boa gente.

Gostava de ver televisao e de noite corria todo nù pela praia.

Ouviam-se-lhe os gritos até do outro lado da costa.

Metia medo tanta dor. Os caes se escondiam debaixo

dos armàrios, os passaros ficavam loucos nas gaiolas

e os gatos enchiam as costas e espalmavam a cabeça,

miando por dentro.

Uma noite Avital nao se veio deitar no cantinho que lhe deixavam

em casa alheia. Domingo dormia no senhor Costa, na segunda-feira

ia descansar na garagem do Pau-da-Bica, e às vezes ficava na praia,

ao relento. Nao veio. A viùva do Berry, um ingles que ali ficara, acolhia-o

e deixava que ele lhe amassasse o corpo em desejos loucos.

Foi assim que lea recomeçou ater cores na cara e que o peito lhe subiu.

Avital desapareceu, na areia, no mar, nao se sabe . Nada lhe sobrou.

Um dia, na esquina da historia, alguém lançou o nome dele : « Avital ! »,

e um marunhar estranho de vozes secas de sol e de aveludado timbre,

lhes cantou uma curta tempestade, uma area bela de morrer.

Era a voz dele, afirmava a viùva, e vieram todos a correr para a praia

Ouvir aquele canto surgido do mar.

« Avital, Avital ! Anda, desejo-te…pensava a viùva do Berry,

corando até às raizes do cabelo. E foi assim, que nao podendo desobedecer

ao apelo da amante, o espectro de Avital se levantou do chao e salpicando

o povo de po e terra arenosa, foi sufocando a assistência, os amigos

e tudo que de vivo ali subsistia.

Houve depois cactos e azedas a crescerem por ali naquele deserto,

cardos também. A duna arrumou o caso.

Lidia , julho 2008

samedi 15 novembre 2008






Cartas de amor de Pedro e Inez

Troisième lettre:

Sitôt le matin levé je regarde le fleuve.
Il porte la pourriture des feuilles
comme une parure un ornement.
Etincelant et brusque miroir toujours à me parler de vous.
Dieu que je suis triste de votre tristesse
quand les jours se battent avec mes nuits !
Etrange guerre que je vis ici dans ce lieu de paix si sûre.
Elle gratte à ma porte comme une bête assoiffée de sang.
Ah, que suis lasse de cette immobilité
qui m’enracine à ma peine.
Je vous parle sans cesse mais l’écho court
moins vite que votre cheval,
sinon monseigneur, vous auriez pu écouter enfin
cette malheureuse qui vous pleure.
Ai Mondego, suis-le mon prince père heureux
mais si absent, quand finira-t-il de chasser
Insouciant du danger que j’encours d’être ainsi ,
corps offert aux chiens du Roi ?!!!

Inez, Paris, Juin 1997

vendredi 14 novembre 2008

Miconarrativa para « minguante »

tema « O Fado ».


MILEU

Vieram da guerra ilesos por fora.
Falavam baixo com medo de acordarem.
Neste andar desprevenido, cruzam uma
uma bela rapariga.
O Chagas nao topa, esta noutra.
Mileu arrefe e encurta os dedos dobrando-os,
como garras entrando na carne.
Nela abrem-se um sorriso, um convite, rapidos.
Seguem separados os tropas.
Mileu deixa-se levar pela mulher que o agarra
com a mao cheia.
Ele para-lhe o gesto e diz-lhe:

« – Nao!
( ela recua) Amanha, aqui à mesma hora.“
Mileu voltou aquele lugar durante trinta anos,
nunca mais a viu.
Recorda-lhe o cheiro e o macio cabelo.
Deixou-lhe passar o destino por cima dos pés.

lidia martinez

1 de setembro de 2008


desculpem nao tenho os acentos lusos no teclado, mil desculpas.


jeudi 13 novembre 2008

silence, je défais ma tresse




















Silence je défais ma tresse

Je marche sur une mer qui gèle ma demeure,
la brasse est lente, l’effort généreux bien que fragile.
Une fois encore et avant la noyade,
j’aimerais embrasser la bouche du bourreau.
entre nous pas de combat.

La joie se purifie.
la corde est usée, je me balance,
le lien est le signe ultime
de la souffrance.

Combustion.

Un jour pour de vrai la corde brûlera, toute.

Debout, les jambes croisées, je reste, je ne tombe point,

je me suis consumée.

En bas c’est le puits, je ne tombe plus, je monte, j’avance,

un cheval me croise, aveugles mes yeux sont partout,

mon corps est un abîme de lumière douce.

Je traverse, j’écoute, on me berce, mon bonheur enfin est éternel.
Je suis morte une fois, au moins, au moins.

Ma peine est proche de l’éclat de rire, ils se valent.
Je te regarde dormir, que la beauté est douloureuse
et la peine, si douce.
Ma langue s’est roulée autour de ton sexe,
comme une bague ou un serpent.
Le vertige m’a gonflé de plaisir,
je voulais expérimenter cette mort,
avoir ses yeux.
Je quitte le jardin parfumé, je saute à pieds joints dans le sable.
Les astres se sont tus, le mot qui clôt l’histoire est toujours le plus beau.
Le mot qui clôt l’histoire est toujours le plus beau.
Le silence un jour aura aussi sa résonance.

LM