dimanche 15 mai 2011


dois no chao

dois no chão
dormes como o Rei do Absoluto,
meu esquilo,
cuspo nos dedos
para te roçar depois a fronte,
benzendo-te.

esfrio nesta espera,
afasto a cortina,
aqueço-me na tua lã.

disfarçado de morto
para que te deixe,
entristeces o meu coração.

lavro as horas com o meu silêncio,
ventura melodiosa
exalta-me os sentidos,
por instinto penso :
« carne de cão »
e abocanho-te firme.
afinal o cadáver estava desfeito,
era só um esmolar de cobertores tisnados
de amores desfeitos, esfomeando-me
com o teu cheiro.
na madrugada esperançosa,
rio em mim.
LM, 2008

( publicado em dezembro 08)

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