dimanche 28 septembre 2008

Descontinuidades









Descontinuidades

Num fôlego adocicado
A poesia sobe-me, desfeita
Esquivo-a jà perto da boca.
Pinto com a mao desconhecida
uma incerteza, um lugar sem lugar.
No fosso, escurecendo em làgrimas
O cobre oxida-se no passear das aguas.
Infima a luz a despedaçar este “ coraçao
De manteiga” pro-fingidor.
Deambulo sob o ambar coroada de agaves
E adivinhas, com laços a fugirem-me

Pelos ombros, em tarefa de principiantes,
Maos alheias sem do nem clemência,
A domarem a seda.
Esmerado saber antigo que me levanta a nuca
Arrepiando-me os cabelos em nos tensos.
A boca a entoar mutilada,

A cançao arrependida pela lingua dos animais
Numa cama sem grades.
Cristalina voz a nomear o encanto deste oficio
de esperar.Pedaço de um nitido redor
Agravado por anzois e muralhas.
Impar vulto, ansejo, chuva que termina a noite,
e abano os dedos todos batendo ao de leve,
finalmente, no
teu rosto bebido.
Pontapeio o teu joelho para que me acordes,
àspero, deusa e cordao, matriz dos beijos ascensionais,
ladra-me o que me roubas de dia e me convias ao vulto,
jà fora das muralhas, num deambular polvilhado de estrelas.
Um céu aberto e nos abaunilhados de gostos e sabores,
na festa do presente, destemidos perante a morte,
aladamente frios e dementes, surgimos numa intensa acuidade,
desnudos, inquiridos, ajornados, ausentes e mudos.
Até que enfim, amor !

LM, 2O de julho 2008

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