A mulher esta queda dobrada em dois.
Os braços escorrem longos para o chao.
A saia cai num bico arredondado
escondendo-lhe os pés.
As pernas nao encaixam no conjunto.
Nada concorda.
Ela continua absorta numa magica leitura do mundo.
O grupo agita-se à sua volta numa apesanteur
desajustada, vai daqui ali, fora do corpo.
LM, Paris 2007.
Eis aqui !
Comida pelas arvores
espero a luz pesada do meio da tarde.
Repito absorta em mim:- " é so o dia de hoje..."
Que bom tê-lo!
Volto a casa, oiço a Callas e dobro os joelhos
no baile dos ardentes.
La Somnambule…uma loucura que me dà arrepios.
Danço com os braços e deixo as maos levarem -me o corpo.
Guardo nos olhos os mortos que vivem sob o meu tecto,
nas molduras.
De certeza que nao fogem, nem mudam.
Uma ultima volta, para que a noite me dê refùgio,
sacudindo as sombras.
LM, Paris 2007, 2008.
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