samedi 13 septembre 2008

comida pelas arvores


A mulher esta queda dobrada em dois.

Os braços escorrem longos para o chao.

A saia cai num bico arredondado

escondendo-lhe os pés.

As pernas nao encaixam no conjunto.

Nada concorda.

Ela continua absorta numa magica leitura do mundo.

O grupo agita-se à sua volta numa apesanteur
desajustada, vai daqui ali, fora do corpo.

LM, Paris 2007.


Eis aqui !

Comida pelas arvores
espero a luz pesada do meio da tarde.
Repito absorta em mim:- " é so o dia de hoje..."
Que bom tê-lo!
Volto a casa, oiço a Callas e dobro os joelhos
no baile dos ardentes.

La Somnambule…uma loucura que me dà arrepios.
Danço com os braços e deixo as maos levarem -me o corpo.
Guardo nos olhos os mortos que vivem sob o meu tecto,
nas molduras.

De certeza que nao fogem, nem mudam.
Uma ultima volta, para que a noite me dê refùgio,
sacudindo as sombras.

LM, Paris 2007, 2008.



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