DESEMPREGO 1
Violeta prepara-se para sair de casa.
Veste saia e casaco, como dantes.
Empurra o portao entalando um pé na dobra de ferro,
e numa pressao nervosa, deixa balançar o corpo.
Entra no jardim e deixa-se cair na relva.
Violeta tem as maos pequenas, os dedos redondos
unhas rentes para melhor bater no teclado.
Abre os olhos para o céu até doerem.
Bebe no repuxo o esguicho de agua fria.
Lembra-se em menina a sede a roer-lhe a alma
e os dentes a estalarem!
Senta-se no banco e estremeçe.
Tem medo e começa por experimentar a fome,
para ver.
Desemprego 2
A noite desenrola o linho sobre o corpo,
um lugar vazio pesa ao seu lado.
So ela o sabia procurar na noite.
Desempregos. LM, Março 2008
Desemprego 3
Amilcar sai da fabrica com as maos pesadas.
Para no café da esquina e pede um copo de três.
Enrola o dedo na borda do copo e pensa em nada,
ou antes fosse.
O calor abafa-lhe a angustia.
Nao da pelo insecto caido no vinho,
engole tudo.
Sai rapidamente, sem graça e sem futuro.
O patrao grita : - Amilcar, pagas amanha !
Parecia que o tinham baptizado para que um dia,
aquele homem o salvasse num fim de tarde !
Fez um gesto amigavel com a mao, e acalmou o passo.
O corpo entrou-lhe nas pernas.
Lidia martinez
Março 2008
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