De coraçao aberto
Por vezes tudo se esclarece
o corpo ausenta-se,
de maos juntas sinto passar
a palavra redonda que revela
e aquece.
Amiude, engano-me.
Distraida ausento-me lentamente.
Mordido na sua essência,
o coraçao aberto desliza fora do meu peito.
Quebro-me.
Refugio amargo acolhe
o meu sangue.
Devolvo a ferida ao carrasco,
de coraçao aberto.
No altar, face ao icone
a imagem impressiona o tempo
que a consome.
O meu coraçao é o que nao sou eu,
fala pela minha boca,
contém desejos,
nao tem queixumes.
Mergulho a mao na noite,
encontro a vertigem que precede o sono.
Escorrego com a aprobaçao de todos.
Nao me pertenço.
Tudo vai acontecer longe daqui.
Nao sei onde me levam e vou.
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