BRIQUITA
Briquita deixava-se estar à janela horas a fio.
Anca vencida à esquerda, pé descalço e unha acerada
a riscar a barriga da perna, devagarinho.
O corpo adormecia desapegado no encombro do parapeito.
Nao sabia contar o tempo que ali passava.
A tristeza era infinita e sereno o prazer que nao escondia.
Trazia na face a mascara do vicio e da queda.
O resultado fora imediato…o marido dera o fora,
era um mà–rolha, ela descaira.
Deixou-a com a bufarra a margiar-lhe o sexo
e com muitas petas a tinha mantido presa.
Depois de muito seresmar, Briquita decidira mostrar
o retrato que lhe ia na alma.
Absorta no seu cismar, nem dava conta do pecado
duma tal melancolia.
Secou ao sol e ao vento, com o olho aveludado
e o desassosego a pintar-lhe o retrato.
*briquitar- lidar, marejar, cismar
LM, 16 de março de 2008
Leio precipitadamente o teu nome
riscado no meio de umas palpebras vazias.
O bule de cha estala num feitiço de ervas.
Uma peça unica do enxoval e partilhas.
Aceito dar a cara neste mastigar viciado
em teu nome.
Fico tolhida no meio da minha praia.
Por detras, um espelho contigo ausente.
O teu nome como vicio talhado
a gillete azul no meu pulso.
Um somatorio, o as da cicatriz.
Salgo as feridas e abro o olho mortiço.
Leio o teu nome tatuado no céu da boca,
lambo-lhe a vogal.
Vagueio viciada nele.
LM. Março 08
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