jeudi 5 juin 2008

Contos pequenos, tema Os Vicios, post jà publicado














BRIQUITA


Briquita deixava-se estar à janela horas a fio.

Anca vencida à esquerda, pé descalço e unha acerada

a riscar a barriga da perna, devagarinho.

O corpo adormecia desapegado no encombro do parapeito.

Nao sabia contar o tempo que ali passava.

A tristeza era infinita e sereno o prazer que nao escondia.

Trazia na face a mascara do vicio e da queda.

O resultado fora imediato…o marido dera o fora,

era um mà–rolha, ela descaira.

Deixou-a com a bufarra a margiar-lhe o sexo

e com muitas petas a tinha mantido presa.

Depois de muito seresmar, Briquita decidira mostrar

o retrato que lhe ia na alma.

Absorta no seu cismar, nem dava conta do pecado

duma tal melancolia.

Secou ao sol e ao vento, com o olho aveludado

e o desassosego a pintar-lhe o retrato.

*briquitar- lidar, marejar, cismar

LM, 16 de março de 2008


" vagueio viciada"

Leio precipitadamente o teu nome
riscado no meio de umas palpebras vazias.
O bule de cha estala num feitiço de ervas.
Uma peça unica do enxoval e partilhas.
Aceito dar a cara neste mastigar viciado
em teu nome.
Fico tolhida no meio da minha praia.
Por detras, um espelho contigo ausente.
O teu nome como vicio talhado
a gillete azul no meu pulso.
Um somatorio, o as da cicatriz.
Salgo as feridas e abro o olho mortiço.
Leio o teu nome tatuado no céu da boca,
lambo-lhe a vogal.

Vagueio viciada nele.

LM. Março 08


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