Ô douces querelles d'amants, roulez sur ma peau,
offrez-moi votre distant passé, attendrissez mon coeur.
Vous me rendez si propice à l'enflure des lèvres proches du baiser.
Ma raison possède des mains moins habilles que vos récits.
De l'eau sur de l'eau coule et emballe ma nuit.

Je me lisais dans tous tes silences.
Dedans surgissait la chaleur et la sombre peine,
de ne pas te vouloir prisonnier, ici.
Je regarde le rose jusqu'à me pulvériser les yeux entre l'os et l'aube.
La faille entre les âmes, la révolte et le spirituel incarnés.

la nourrice...de ton corps blessé s'envoleront des milliers
de plumes rouge-sang.

O Avé-Maria
Na parte oriental da cidade, havia um campo seco onde se ouviam gafalhotos saltarem entre ramos, estalando as patas em mimetismos loucos. O Avé-maria chegou aquelo desterro, de botas pesadas e cajado ao ombro. Arrancou ervas e ramos, descasalando arbustros e numa vadiagem de canas, foi encontrar um paraiso de azedas. Sentou-se com o três pernas, rafeiro de qualidade, pêlo ruivo, olho esquerdo esvaziado. Ali ficaram até aosol baixar. O Avé-Maria lembrou-se da prisao e como se lhe tinham secado as lagrimas. A sua tatuagem abriu-se como um livro antigo. LM, O7.

99 Caras Um homem tinha cem mulheres.
99 delas desaparecem.
Passado dois dias ele vai
à policia.
O journal local publica as fotografias
das esposas, completando assim as duas
paginas do meio.
Hà um tipo que diz :
- " Quero casar com esta!"
Sete anos depois o homem morre.
Durante a cremaçao surgem do fogo as 99 caras a preto e branco.
Abrem grandes as suas bocas escuras, engolindo a cerimonia,
as lages e alguns ciprestes.
Uma pirâmide de ossos esquecidos, picados de flores de plastico
se amontoaram ao sol, esquecidos.
Ninguém reclamou o acontecido.
LM, Lisboa 2007.