Os artistas lançam um desafio aqueles que possuem o mundo,
e os que possuem o mundo indispoem-me.
Surprendo-me de estar aqui convosco, entre o céu e a terra.
Nao existe no mundo um lugar que possa acolher a nossa torpeza.
Tropeçamos nela e caimos no mundo.
Na via , na dança, sou um passaro que coxeia.
O meu braço é uma asa quebrada que vos acena lentamente.
Inclino-me, queria abraçar-vos deixando-vos livres.
So a palavra poética é libertadora.
Dentro de mim tudo se agita desafiando a espessa neblina
que humedece e me apareda o peito.
Serro os labios que se afinam, como se por uma outra boca,
provasse os meus proprios beijos.
Desconheço a ligaçao das linguas neste processo.
Eu sou insolente, eu nao sou insolente.
Prefiro dizer sim, mesmo se o nao me preocupa.
Mordo a mao antes dos caes.
A cada um de digerir o seu veneno !
Chamo-me lidia martinez e a dança é a minha terra natal.
Este é o ultimo poema do ultimo dia.
Olho o mar e digo :
- Os naufragos nao morrem, dormem.
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