dimanche 2 mars 2008

Carta de Salomé a Jokanaan


Ofereço-te a minha beleza e o tesouro de Herodes se aceitas posar os teus olhos em mim. Deixa-te seduzir por eles e goza desse entendimento. Eu sei desse teu palido corpo, perfeito, quase transparente... sofro de nao poder dançar sobre ele e tornà-lo assim real. O teu cabelo corre-te selvagem pelos ombros como a vinha bravia se enrola numa coluna de marmore frio. Quero esconder-me na sombra dos seus ramos ouvindo o terrivel segredo que esta noite nos prepara. Jokanaan, quando eu beijar a tua boca nos seremos malditos para sempre. Nao é dado a ninguém, nesm mesmo ao teu Deus de nous salvar. Na prisao és um passaro cego a cantar baixinho para afugentar medos. A noite é uma rainha coroada de luz, um teatro onde se aplaude a tua morte Os meus làbios roubam-te um ultimo assopro. Este beijotem o gosto amargo da minha desilusao. Salomé, NY,1993.

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