samedi 15 mars 2008









Diario de uma bordadora de intimidades.

Assim, assim hoje.

A obscenidade da confissao, mostrar as costuras,

subir os vestidos, as bainhas,

desdobrar a pele, desenhar nela,

seguir o rastro das suplicas, porquê abafa-las?

Demonstraçao, prova, sinal, indicio,

mostra, manifestaçao, mais demonstraçao,

exercicio pratico, experimental,

serviço de prova entao.

Arco-iris, arco-da-velha, luminosidades.

Arrisquemos a boa distância.

O interior desta luz é que nos queima, vês ?

O corpo aos bocadinhos, discurso.

Moldes de abraços, de pernas, de maos,

de seios, de pés feridos, cansados.

Almofadas brancas e eles deitados nelas,

como ex-votos.

Cera.

Queimadura.

Vestido de noiva, encolado, arqueado,

ausente do corpo.

O sexo fendido, aberto.

Uma fotografia do rosto de um homem riscado.
Riscado por dentro, com a caneta bic, escurecido pelo fogo.

Vês?

Fogo, apaguaziamento, ritual.

“ De la nature et de la culture “, bon, alors c’est simple.

Uma mistura de dureza e de doçura, humor e de tragédia.

Uma transgressao do segredo,

da intimidade envolta em sombra,

do corpo e das suas historias.

Oferecer mais do que razao.

Incomodo.

Uma lingua estrangeira dictando a sua vontade,
em excesso, fora das medidas.

Barroco.

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