Diario de uma bordadora de intimidades.
Assim, assim hoje.
desdobrar a pele, desenhar nela,
seguir o rastro das suplicas, porquê abafa-las?
Demonstraçao, prova, sinal, indicio,
mostra, manifestaçao, mais demonstraçao,
exercicio pratico, experimental,
serviço de prova entao.
Arco-iris, arco-da-velha, luminosidades.
Arrisquemos a boa distância.
O interior desta luz é que nos queima, vês ?
O corpo aos bocadinhos, discurso.
Moldes de abraços, de pernas, de maos,
de seios, de pés feridos, cansados.
Almofadas brancas e eles deitados nelas,
como ex-votos.
Cera.
Queimadura.
Vestido de noiva, encolado, arqueado,
ausente do corpo.
O sexo fendido, aberto.
Uma fotografia do rosto de um homem riscado.
Riscado por dentro, com a caneta bic, escurecido pelo fogo.
Vês?
Fogo, apaguaziamento, ritual.
“ De la nature et de la culture “, bon, alors c’est simple.
Uma mistura de dureza e de doçura, humor e de tragédia.
Uma transgressao do segredo,
da intimidade envolta em sombra,
do corpo e das suas historias.
Oferecer mais do que razao.
Incomodo.
Uma lingua estrangeira dictando a sua vontade,
em excesso, fora das medidas.
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