mardi 1 avril 2008







Vicios

Briquita deixava-se estar à janela horas a fio.

Anca vencida à esquerda, pé descalço e unha acerada

a riscar a barriga da perna, devagarinho.

O corpo adormecia desapegado no encombro do parapeito.

Nao sabia contar o tempo que ali passava.

A tristeza era infinita e sereno o prazer que nao escondia.

Trazia na face a mascara do vicio e da queda.

O resultado fora imediato…o marido dera o fora,

era um mà–rolha, ela descaira.

Deixou-a com a bufarra a margiar-lhe o sexo

e com muitas petas a tinha mantido presa.

Depois de muito seresmar, Briquita decidira mostrar

o retrato que lhe ia na alma.

Absorta no seu cismar, nem dava conta do pecado

duma tal melancolia.

Secou ao sol e ao vento, com o olho aveludado

e o desassosego a pintar-lhe o retrato.

LM, março O8.

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