No espelho do mundo, este amor.
Vou deixà-lo apontado para o sol.
A mao no punhal brilha,
a ponta do aço abre-lhe a carne.
Inez cai no chao, é a sua ultima dança.
Os olhos jà longiquos impressionam
a pàgina onde escrevo a Pedro:
- Tu nao sabes amor, porque te vais sempre
tao apressado e a névoa que cobre os meus olhos,
é um rio imenso onde a dor escorre e me afoga num soluço.
Lanço novelos ao mar, bato à porta de estranhos,
anseio pela a minha libertaçao, devolvo-lhe a loucura
que me risca a testa, cicatrizo vazios.
Fecho os olhos e guardo a beleza no avesso do linho suado.
O seio d'Inez molda-se na mao do Infante.
Ele disse para ela correr e escreveu na agua o mar que lhe ia na alma.
Pétalas de prata tilintam no quadrante da janela,
anunciam o fim do abraço.
Ele debruça-se para a fonte e bebe-a.
Se eu fosse esse rio, lava-lhes o destino das suas maos infantis.
Adiava a morte, engolia-lhes a paixao.
Nos tumulos separados, um coraçao comum espreguiça-se até nos,
como adormecido.
Os amantes eternos, pairam por cima das coisas, como um mar antigo.
LM, julho de 2009
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