mercredi 14 janvier 2009

dois no chao


dois no chão

dormes como o Rei do Absoluto,

meu esquilo,

cuspo nos dedos

para te roçar depois a fronte,

benzendo-te.


esfrio nesta espera,

afasto a cortina,

aqueço-me na tua lã.


disfarçado de morto

para que te deixe,

entristeces o meu coração.


lavro as horas com o meu silêncio,

ventura melodiosa

exalta-me os sentidos,

por instinto penso :

« carne de cão »

e abocanho-te firme.

afinal o cadáver estava desfeito,

era só um esmolar de cobertores tisnados

de amores desfeitos, esfomeando-me

com o teu cheiro.

na madrugada esperançosa,

rio em mim.

LM, 2008


( publicado em dezembro 08)





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