Zéphiro
Descuidada, Ombra mexia-se com uma graça particular. De uma grafia marcante e desalinhada, usava fita de veludo para lhe acalmar os canudos sombrios e brilhantes, era um pàssaro a dar de beber às maos. O timbre da sua voz sacudia o desejo. O Mortes era alto e usava calças estreitas,
rotas de proposito, era um pobre de fingir. Tudo nela era vento, tudo nele era marmore. O polegar de Mortes arranhava o joelho e desfiava a ganga, enquanto Ombra assobiava um Zéphiro. Faltava-lhe talhar esse tempo, esse assopro, pensou Mortes e embaciou a boca de Ombra com um beijo. LM, julho 2008
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