mardi 2 décembre 2008

cartas, a carta...












Amigos, masi uma vez esta carta volta, corrigida...

é um extracto, era assim que acabava o espectaculo
____o resto é silêncio,
que fizemos em 2005 em Coimbra e Alcobaça, no Mosteiro!!!

Foi...LINDO!!! merci,
LM

"(...) Estou nua e viva e não penso em nada. Esta brisa é fresca e cortante, a pele enrija os dentes juntam-se, cerro os punhos, se que devo guardar tudo, mesmo os gestos mais bruscos e doridos. Muros, ruínas e musgos frescos na sombra. Ah se for hoje o dia da traição e do punhal, saberei dizer à minha carne que não sou corrupta como ela. Estou a inchar de medo neste amor profundo, como um ventre doente e dorido. Tenho na pele escrita por dentro o teu nome pintado. Como a santa limpando o nome do Senhor, avançaste o linho que me era a carne,

e por dentro, por dentro limpaste o rastro frio do teu coração.
Foi como naquela ultima noite em ti, onde através das tuas pálpebras
eu via o teu sonho, e as flores eram o orvalho juntinho como pérolas e búzios,
tanta imaginação me dava febre e a tua mão na minha eu nem respirava.

Beijava-te os dedos um a um e recomeçava contando até mil,
para que a noite fosse mais longa.
Punha-me a fechar os olhos e a pedir a Deus
que voltasse ao início do mundo
para te puder esperar.
Já é outra vez manhã para todos nós, devo-me vestir,
tratar dos que me rodeiam, voltar a ser outra e sem vontade.
Junto a eles rezo coisas sem nexo e o amor é tanto que o sorriso me acolhe
na sua boca oferecida, encontro toda a leveza do meu pecado.
Lavo neste rio os braços e as mãos que te rodeiam quando neles te enrolas.
Deixo-os assim ao gelo, redondos e suspensos, quero oferecer a coroa deste corpo
a um ausente, e até que a dor se desvaneça, sem ter ninguém para me reter.
Tenho frio, o que vim eu aqui fazer nesta manha violeta ainda por desabrochar?
Entre estrume e lírios, piso serpentes e o veneno triste sobe-me pelas veias.
Ouço o sino da capelinha a ressoar, abre-se o arvoredo às minhas mãos.

Se fugisse agora virias ao meu encontro? ..." extracto, Inez, lisboa 2005

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