dimanche 17 février 2008
a samarra do tio
A samarra do tio
Este bem soa a demais.
Habituado a ficar em conta, minguando a lingua,
Galante entrou na carvoaria e rezou para que tudo
fosse verdade.
Vestia a samarra do tio, um presente em segunda-mao.
Era de poucas falas e nada ou pouco desejava.
Sentiu subir o calor de tontura consumir-lhe a carne.
Se ela viesse agora romper neste escuro,
o preto sujo nas mangas,
no colarinho, nas unhas…
E correu feito louco, lavar-se no rio.
Esfregou-se até ficar bem limpo.
Enxugou ao sol como roupa lavada
e sonhou que amava Cruz.
Mesmo depois de velho, Galante guardou
no peito quebrado, o amor e o desejo.
Cruz acabou jogada na fogueira,
enrolada na tal samara...
O tio passou-se, um ataque de ciumes !
Foi uma tragédia consumida.
Quando lhe falavam no drama,
Galante mordia o beiço e escondia as unhas pretas,
mais dorido que traido.
Tinha alinhavado por dentro das algibeiras,
alguns recados amaveis.
A vergonha nao se descose tao depressa,
e cruzou a perna sentado ao relento,
à espera da noite.
lidia martinez
Pacé, 1 de junho 2008
extracto
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