lundi 9 juillet 2007
este é o pais
Este é o pais
A lingua em que as historias nao se deixam contar.
Este é o pais.
Metade pertence ao mar, o resto fluctua.
Ha quem lhe meta as maos por dentro e arranque
raizes victoriosas, sedentas.
Ouvem-se gritos e ainda nos conhecemos
algum patriotismo.
Grande orgulho de um crescimento certo
mas algo tardivo, nos faz caminhar corcundas
e assim enfrentamos o inimigo com desculpas
e cerimonias.
E tudo nosso mas partilhamos tudo mais com eles.
Era uma vez um pais meio encaminhado
para o dito cujo futuro, com a cegueira admiravel
de quem voltou as costas ao mar,
e foi por dentro de uma historia a crescer tao rapida,
que nem tempo houve de se lhe aprender o caminho.
Fluctuamos.
Mais uma vez recomeçamos a contar acumulando
tentativas e nao conseguimos encontrar
o fio do quotidiano falar.
Por aqui ou por ali, hesitaçao e quem nos dera
encomendar a Deus a desconstruçao imediata
do saltitante embroglio que nos enrola a dita cuja.
Quem me dera a mim ter nascido
numa verdadeira ilha e nao ter historia nenhuma
para contar.
So feliz de conhecer o circulo que une os primeiros
passos aos demais e me faz esquecer
as palavras raivosas como patria, mae pobre ou açaime.
Nada mais do que viajar em inuteis circulos
por dentro dos rastros da ultima caminhada.
Ter nome de buzio e mar em tudo o que é perto e longe.
A lingua quebrada de tanto provar o sal.
Nao escrever nunca porque se conta com a pele ao sol
o desenrolar de um dia e depois o cansaço é ja leito
e escuridao segura.Amanhecer.Este é o pais.
Alba e esperançosa manha de todos os dias
a namorar o passado indigesto. Gente boa, diz-se.
Era uma vez e por um por um acenamos a palavra
com dificuldade e numa esquizofrenia traduzida
e ja aclamada como um bem, reconhecemos
que afinal cuspir para o ar ainda se aclama
se a pontaria nao falhar.
Nevoeiro e teatrices ja deram o que tinham a dar.
Com isto nao contei historia nenhuma.
Se calhar esta jangada ja se arrancou definitivamente
à europa e ninguém deu por isso.
Francamente nao sei se me vou sentir a falta.Era uma vez…
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